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Bioarquitetura: entenda o conceito e as vantagens

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A arquitetura tem diversas vertentes. Uma delas é a bioarquitetura, uma leitura contemporânea de diversas técnicas que já são utilizadas há milênios por diferentes povos. Ela tem se mostrado uma boa solução para construções mais econômicas e sustentáveis.

Dessa maneira, apresentaremos a bioarquitetura para você, suas vantagens, sua relação com a sustentabilidade, panorama desta arquitetura no Brasil e principais projetos. Confira!

O que é bioarquitetura?

Bioarquitetura é a junção da palavra bio + arquitetura. Bio vem do grego e quer dizer vida. A arquitetura, também derivada do grego, está associada à construção. Desse modo, de forma resumida, podemos indicar bioarquitetura como uma arquitetura que utiliza elementos orgânicos.

Portanto, a bioarquitetura também pode ser entendida como arquitetura verde. Suas principais características são: uso de matérias orgânicas (como madeira, folhas, terra); aproveitamento de ventilação e iluminação natural e respeito aos princípios da sustentabilidade.

Outro ponto importante a se comentar sobre a bioarquitetura é o respeito desta aos modos tradicionais de construção, especialmente dos povos originários. Por muito tempo, as construções indígenas, de ribeirinhos e de quilombolas foi menosprezada, tratada como um exemplo negativo de arquitetura.

Todavia, essas construções apresentam soluções inteligentes para diversas questões. Por não ter acesso à energia elétrica, essas edificações são feitas para aproveitar ao máximo iluminação e ventilação natural.

Desse modo, em um planeta cada vez mais carente de recursos, é necessário aprender com essas soluções. Assim, a bioarquitetura se inspira em exemplos já existentes para construções modernas. Além disso, utiliza novas tecnologias, como os tijolos biológicos, entre outros, para otimizar os processos de construção.

Vantagens da bioarquitetura

Entre as vantagens da bioarquitetura, podemos destacar:

Economia

A economia é um benefício muito importante, mas que nem sempre é apontado por especialistas. Isso ocorre porque a economia só se torna uma vantagem quando as características da bioarquitetura são utilizadas de forma inteligente, com o uso de materiais regionais e de grande disponibilidade.

Integração da arquitetura ao ambiente

Um dos principais elementos a ser considerado em um projeto de arquitetura é a sua integração com o ambiente, especialmente em áreas com baixo adensamento urbano. Assim, a bioarquitetura é indicada especialmente para esses locais.

Aproveitamento da iluminação e ventilação natural

O consumo de energia é um dos grandes vilões da sustentabilidade, pois a energia é produzida, majoritariamente, por fontes não sustentáveis, como carvão mineral e petróleo.

Até mesmo fontes de energia anunciadas como sustentáveis, como as hidrelétricas, causam danos irreparáveis para a natureza (alagamentos, impactos na fauna e flora, entre outros).

Desse modo, reduzir o consumo de energia elétrica é fundamental — e isso é possível com: uso de tecnologia, para reduzir desperdício; aproveitamento eficiente da luz e ventilação natural. Em ambientes mais frios, o uso da luz além de iluminar o ambiente, serve para aquecer.

Projetos personalizados

Uma crítica muito comum que a arquitetura contemporânea recebe é a de que os projetos são sempre muito parecidos. Muitas vezes, essas críticas são bem fundamentadas. Desse modo, pensar e construir distinto é um diferencial para arquitetos e construtoras. Portanto, a bioarquitetura pode ser uma solução interessante.

A bioarquitetura e a arquitetura sustentável

Já mencionamos a relação entre a bioarquitetura e a arquitetura sustentável algumas vezes neste artigo. Todavia, é importante dedicar um espaço maior para essa questão.

Inicialmente, é importante destacar que bioarquitetura não é sinônimo de sustentabilidade. Muitos arquitetos, engenheiros e demais profissionais confundem e acreditam que apenas inserir princípios da bioarquitetura é o suficiente para obter sustentabilidade na arquitetura.

A sustentabilidade é um termo amplo, que envolve diferentes fatores, como sustentabilidade ambiental, social e econômica. Se por um lado a bioarquitetura não garante a sustentabilidade, ela auxilia e muito nesse quesito.

Naturalmente, ela é voltada para uma preocupação ambiental, econômica e social, ao utilizar material regional e acessível. Desse modo, integrar a bioarquitetura a demais conceitos modernos de planejamento, cronograma, canteiro de obras e orçamento é necessário para um resultado mais efetivo.

Cenário no Brasil

Assim como em outras vertentes da arquitetura, o Brasil é referência em bioarquitetura. Nossa herança indígena contribui muito para esse destaque, uma vez que temos um grande laboratório de técnicas construtivas funcionais em nosso território.

Além disso, o Brasil está em terceiro na lista dos países que mais apresentam edificações com certificação Leed, com mais de 400 edificações. O selo Leed avalia aspectos como:

  • Créditos e prioridade regional;
  • Inovação e processos;
  • Qualidade ambiental interna;
  • Materiais e recursos;
  • Energia e atmosfera;
  • Eficiência do uso da água;
  • Espaço sustentável;
  • Localização e transporte.

Projetos de bioarquitetura

Entre os principais exemplos de bioarquitetura, selecionamos três que são referência deste tipo de arquitetura no Brasil.

Cidade Matarazzo – São Paulo

Idealizado pelo Grupo Allard, a Cidade Matarazzo é um empreendimento na região central da cidade de São Paulo, com mais de 30 mil m². Tem como objetivo revitalizar a região e resgatar parte da identidade local.

Dessa maneira, conta com aspectos que valorizam a cultura, história e artes brasileiras. Busca também uma harmonia entre tecnologia e sustentabilidade. Alexandre Allard é o arquiteto que assina o projeto. Ele optou pela preservação do patrimônio histórico e área verde do entorno.

Cidade Matarazzo é modelo de bioarquitetura
Modelo da Cidade Matarazzo/ Foto: Check Hotels

Casa Folha – Angra dos Reis

Esta edificação está localizada no Estado do Rio de Janeiro, na cidade de Angra dos Reis. Esta obra é usada como exemplo perfeito de bioarquitetura ou arquitetura verde, pois une design, otimização e sustentabilidade.

O telhado funciona como uma grande folha (não à toa, sua vista superior tem a forma de folha), que protege os espaços livres e cômodos da casa. A casa foi inspirada na arquitetura dos povos originários do Brasil e é assinada pelos arquitetos Ivo Mareines e Rafael Patalano (do escritório Mareines + Patalano).

Os arquitetos desenvolveram a casa como uma forma de melhorar e integrar de maneira satisfatória o homem à natureza. Todas as superfícies da casa são feitas de materiais naturais — com exceção do vidro, utilizando em alguns pontos para aumentar o aproveitamento da luz natural.

Entre os materiais mais usados, destacamos a ardósia, bambu e madeira de diferentes origens. Além disso, temos o cobre patinado, que apresenta um tom esverdeado e grande vida útil. Sua composição foi pensada de modo a gerar a sensação de que a edificação nasceu no local — não construída.

Casa Folha é modelo de bioarquitetura
Fachada da Casa Folha/ Foto: Blog Construindo Sonhos

UNISINOS – Porto Alegre

A UNISINOS (Universidade do Vale do Rio dos Sinos) conta com um campus na capital do Estado do Rio Grande do Sul e apresenta arquitetura verde. Foi idealizado pela AT Arquitetura e contém espaço com fachada, paredes e telhados verdes, cuja intenção foi otimizar o uso de energia.

Vários tipos de plantas foram utilizados. No telhado, a escolha foi o boldo, pois é uma espécie resistente e que atrai abelhas sem ferrão. O jardim vertical, por outro lado, conta com uma diversidade mais ampla: tradescantia, bulbine, falsa-érica, asparguinha e clorofito.

Campus da UNISINOS é case de bioarquitetura
Campus UNISINOS / Foto: Unisinos

Sendo assim, a bioarquitetura é uma linguagem arquitetônica que apresenta soluções diferentes e contribui para economia, identidade dos projetos e aproveitamento de luz e iluminação natural. Além disso, sua aplicação pode elevar a reputação do profissional e empresa, devido à questão da sustentabilidade para os clientes.

Agora, aproveite e conheça as vantagens e desvantagens da construção a seco!

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