
A Bioconstrução é um sistema construtivo preocupado com a sustentabilidade em todas as etapas do projeto, desde o planejamento até a construção e uso do espaço.
Para isso, são priorizados materiais e técnicas com baixo impacto ambiental além do uso de soluções ecológicas no gerenciamento de recursos naturais. É o caso das janelas planejadas para garantir maior eficiência térmica, vãos para iluminação natural garantindo a economia de energia, coleta de água pluvial com reuso para horta e limpeza, entre outras.
O conceito é muito antigo, sendo difícil datar de forma precisa quando surgiu, uma vez que a bioconstrução reúne várias técnicas de arquitetura com origens temporais e geográficas bastante distintas. O principal ponto em comum é o de substituir a industrialização do setor da construção, que levanta obras semelhantes em regiões distintas (aumentando a demanda por energia, água e tecnologias), por um conhecimento arquitetônico ecologicamente e localmente adequado.
Qual a diferença entre bioconstrução e outras formas construtivas focadas em sustentabilidade?
Apesar de possuírem vários pontos em comum, como a inteligência no uso e gerenciamento de recursos naturais e a redução do impacto local, as construções sustentáveis fazem amplo uso da tecnologia para adequar às necessidades cotidianas formas mais sustentáveis de viver.
Já a bioconstrução recupera conhecimentos e técnicas antigas de diversas regiões do mundo para construir moradias utilizando principalmente os elementos da natureza, de forma preferencial aqueles que são encontrados com abundância na região. Outro princípio norteador é a possibilidade de participar ativamente na construção do imóvel, ou seja, “pôr a mão na massa”.
Dessa maneira, toda bioconstrução é um exemplo de construção sustentável e ecológica, mas nem toda construção ambientalmente e socialmente responsável pode ser considerada uma forma de bioconstrução.
Quais são as principais técnicas da bioconstrução?
Há diversas técnicas catalogadas, que variam muito na forma e estrutura de acordo com o local da obra. Algumas, como o pau-a-pique, o adobe e o superadobe são utilizadas para estruturar a habitação. Mas há também técnicas de saneamento, energia, gerenciamento de resíduos, de horta e captação e de uso dos recursos hídricos.
O pau-a-pique consiste, basicamente, em cravar verticalmente no chão os galhos de madeira, nos quais são encaixados galhos horizontais. O quadro é preenchido com bambu ou palha e os buracos com argila.
A técnica do adobe, que utiliza um tijolo de barro e palha, naturalmente moldado e seco é bastante conhecida e tradicional em prédios históricos no Brasil. Pelo formato do material, é mais próximo ao modelo que estamos acostumados, de obras com tijolo normal.
Já o superadobe, criado pelo arquiteto iraniano Nader Khalili, utiliza sacos compridos de terra para estruturar a construção. A fundação geralmente é de concreto, pedra ou terra compactada – o que tiver maior disponibilidade local. Deve ser mais larga do que a parede que será levantada e ficar a aproximadamente 15 centímetros do chão, para evitar a umidade. Já os sacos são feitos com ráfia, arames e terra.
Para funcionar, os sacos devem ficar bem cheios de terra, sem nenhum espaço com ar. As portas e janelas devem ser planejadas antes da construção, de forma a deixar os vãos livres quando os sacos forem sobrepostos.Outra técnica mundialmente difundida é a COB. Por meio dela, as construções são moldadas como esculturas, o que confere liberdade para criar, por exemplo, mesas, prateleiras e armários embutidos. O material de base é uma mistura de água, areia, palha e argila, mas é comum encontrar construções que utilizem outros materiais para detalhes e acabamentos, como pedras, madeira e mosaicos.
O uso de fardos de palha promove habitações termicamente agradáveis, de rápida execução e boa durabilidade. Utiliza basicamente palha, terra, sisal e arame.
Entre as técnicas de eco-saneamento, as mais populares são o círculo de bananeiras, o sanitário seco e a caixa de gordura. Para captação de água são utilizados o poço artesanal e o uso de água pluvial, e para armazenamento o reservatório de ferrocimento.
Quais as principais vantagens e desvantagens da bioconstrução?
Esse método construtivo de casas e edifícios tem muitos benefícios. Em termos de sustentabilidade e cuidado com o planeta, pensando nas gerações atuais e futuras, a bioconstrução é um modelo inovador e eficiente.
Produz menos externalidades negativas do que outras técnicas modernas, tanto na geração de resíduos durante a obra quanto depois, viabilizando um melhor uso dos recursos naturais na etapa de habitação do imóvel.
Além disso, soluções como o melhor aproveitamento das condições climatológicas da região para orientar a construção e, assim, reduzir a necessidade de aquecedores ou ar-condicionado, também resultam em economia do ponto de vista financeiro.
Aproveitar a luz solar das janelas, paredes e telhados reduz a demanda por energia elétrica, certo? Assim como, o círculo de bananeiras para tratar águas residuais diminui a conta de esgoto; e a captação de água e reaproveitamento para a horta e limpeza reduz o uso de água do sistema de abastecimento público. Com todas essas adequações, a conta no final do mês é bem menor do que a de outros modelos construtivos.Também é preciso falar de eficiência. As técnicas da bioconstrução oferecem opções eficientes tanto para regiões com climas quentes, quanto para o frio e garantem conforto e bem-estar aos moradores, com uma necessidade mínima de gasto energético para climatizar o ambiente.
Em contrapartida, nem todo lugar conta com equipes profissionais capacitadas para planejar projetos bioconstrutivos ou com mão de obra habilitada para levantar a construção. Na maioria dos casos, os próprios donos do espaço convocam amigos e vizinhos para construir coletivamente, como um ambiente de troca e aprendizado – e isso exige bastante estudo e dedicação. Porém, para aqueles que preferem terceirizar, é importante pesquisar se há recursos humanos com aptidão para tal na sua cidade.Além disso, algumas seguradoras e instituições bancárias de financiamento não aceitam construções de bioarquitetura, pois ainda há no país uma barreira cultural e a crença de que por utilizarem recursos naturais, tais imóveis seriam mais frágeis.
Há normas técnicas específicas para regulamentar a bioconstrução?
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) conta com diversas regulamentações para construções sustentáveis. A NBR 15747-1 de 2009 e a NBR 15569 de 2008 tratam de aquecimento solar. A NBR 7229 de 1997 define os parâmetros para a construção e operação de tanques sépticos em locais sem acesso à rede de esgoto, enquanto a NBR 15527 de 2007 estabelece critérios para o aproveitamento de água pluvial.
Apesar de farta orientação para construções que buscam seguir critérios de sustentabilidade, ainda não existe no Brasil uma norma técnica específica para a bioconstrução. A pluralidade de matérias primas e os aspectos locais dificultam o estabelecimento de padrões e normas. Porém, algumas entidades voltadas para a bioarquitetura estão trabalhando no desenvolvimento de normas de desempenho, que poderão ser utilizadas como critérios por agências governamentais e financiadoras, por exemplo.
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